luzvioleta

sequências em espiral
inspiram-me
instinto do natural

de onde vem o raio inconstante do agora
o que há?
em si.

furto-me

(setembro de 2012)
- Como é que se vai atravessar isto? perguntou Clementina, sem se atrever a pisar naquela ponte rústica.
- Vou auxiliá-las, propus. Feche os olhos se tem vertigem.
   Equilibrando-me, segurei as mãos da moça e, andando de costas, cheguei à outra margem. Depois conduzi Luísa. No meio da prancha, com os braços abertos e as mãos nas mãos dela, como se fosse abraçá-la, hesitei, e foi ela que me amparou. Pareceu-me que a minha vida era estreita e oscilante, com perigo de um lado, perigo do outro lado, e Luísa junto de mim, a proteger-me. Comprimi-lhe os dedos, toda a minha alma fulgiu para ela num olhar de ternura.

(Graciliano Ramos in: Caetés)
"Foi em teus braços que adquiri 
a paz que tanto busquei e que preciso 
para seguir em frente, meu amor"
(Ao rei do espaço infinito)

Era fim de ano. Nos reunimos em uma confraternização, trocamos bombons e palavras positivas para o ano que se seguia. R
ecebi sabedoria e dei paz. Daí refleti, vivemos em um mundo tão turbulento, que talvez seja assim à muito devido às relações homem-natureza e principalmente homem-homem afetadas pelo egoísmo, apenas em prol de uma minoria bem egoísta e ambiciosa que por aqui habita. A paz deve ser relembrada nas relações assim como o amor, ser reconstruída. Ser vivida. Pois sem a paz viver torna-se impossível. Não sei ao certo onde se adquire a sabedoria, talvez na experiência, na reflexão, no aprendizado, na calma e faz-se tão necessária em todo momento de aflição e decisão. Com isso, que o ano que se segue possa abarcar muita sabedoria e paz nas relações, que o mundo possa respirar sossegado e viver em paz.

(dezembro de 2015)

Voar fora da asa

A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá 
mas não pode medir seus encantos.    

Quem acumula muita informação perde o condão de 
adivinhar: divinare.  


Os sabiás divinam.  


(Manoel de Barros)
Tu és o que tu és
Amada em meu caminho
Eterno que se encontra
Pensamento encontrado
Alma que preenche
O belo que alimenta
Que afasta toda quimera
Se eu tivesse confinado
Em um espaço finito
Em uma vivência finita
Se eu estivesse ao seu lado
Mesmo assim eu me consideraria
O rei do espaço infinito

(Lucas Ribeiro)

crime perfeito

abaixo todos os cartórios
viva a fronteira desguarnecida
a utopia não requer testemunhas
o poema é o crime perfeito
do qual todos querem ser cúmplices

(Salvador Passos)

Pelo amor, com amor.

Bon Iver - Flume